terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Sobre meninos e Lobos

Ontem assisti ao filme sobre meninos e lobos, e como um dos melhores que já assisti, me deparei com a triste face do ser humano, ser seu próprio lobo. Inocentes pagam pelos pecadores, pecadores se arrependem, mas o mal está feito, os fortes humilham e destroem os fracos, e o que me pergunto, como devo agir? Difícil, pois nesta vida quero ser um sobrevivente, ou acho que quero. Nesta vida quero ser o forte, mas não quero ser lobo. A cada segundo que se passa nosso futuro se desenha a nossa frente, e se não mudarmos o presente para o melhor, nosso futuro se tornará cada vez mais alcatéia. Sempre tento ajudar o próximo, mas quase sempre o próximo não quer ser ajudado. Uma fração de segundo em sua infância definiu quem você se tornou hoje. Uma decisão a ser tomada, direita, esquerda, ou seguir em frente, muda totalmente quem você é, e principalmente quem você se tornará amanhã.

Fico imaginando os meninos ingênuos nas garras da alcatéia adulta. Meninos que nascem puros, e vão se transformando em vampiros pelos lobos que os “guiam” o caminho certo a trilhar na “vida”. Alcatéia, coletivo de lobos, significado de união em grupo para derrotar um grupo mais frágil ou abater uma única presa em estado de vulnerabilidade.

Mas sabe, mesmo o mais cruel membro da alcatéia tem um ponto frágil e extremamente menino, o não saber lidar com a morte. O não ter resposta para tal perda, o não ter mais a vida em carne ao seu alcance fazem, lobos e vampiros perderem sua frieza, e chorarem desesperadamente como meninos perdidos e encurralados como prezas fáceis para sua própria alcatéia. Ter muitas perguntas e nenhuma resposta pira a cabeça do lobo, e faz seu coração parear com um tic-tac de um relógio velho movido a corda. Realmente nessa hora, homens viram menininhos e o lobo dentro deles se acovarda diante da magnitude do não entendimento da dor da morte.

E eu, o que sou? Lobo, menino, vampiro, homem? Sinceramente, para ser um sobrevivente tenho que ser um pouco de cada, mas não posso me dar ao luxo de deixar o menino que existe dentro de mim morrer totalmente e dar lugar a mais um membro desta alcatéia “mal-mente” sobrevivente.