segunda-feira, 8 de março de 2010

O verão......

Verão também é sinônimo de pouca roupa e muito
chifre, pouca cintura e muita gordura, pouco trabalho e
muita micose.
Verão é picolé de Kisuco no palito reciclado, é
milho cozido na água da torneira, é coco verde aberto pra comer a
gosminha branca.
Verão é prisão de ventre de uma semana e pé
inchado que não entra no tênis.
Mas o principal ponto do verão é.... a praia!

Ah, como é bela a praia.
Os cachorros fazem cocô e as crianças pegam pra
fazer coleção.
Os casais jogam frescobol e acertam a bolinha na
cabeça das véias.
Os jovens de jet ski atropelam os surfistas, que por
sua vez, miram a prancha pra abrir a cabeça dos banhistas.
O melhor programa pra quem vai à praia é chegar bem
cedo, antes do sorveteiro, quando o sol ainda está fraco e as famílias
estão chegando.
Muito bonito ver aquelas pessoas carregando vinte
cadeiras, três geladeiras de isopor, cinco guarda-sóis,
raquete, frango, farofa, toalha, bola, balde, chapéu e
prancha, acreditando que estão de férias.
Em menos de cinqüenta minutos, todos já estão
instalados, besuntados e prontos pra enterrar a avó na
areia.
E as crianças? Ah, que gracinhas!
Os bebês chorando de desidratação, as crianças
pequenas se socando por uma conchinha do mar, os
adolescentes ouvindo seus MP5s enquanto dormem.
As mulheres também têm muita diversão na praia,
como buscar o filho afogado e caminhar vinte quilômetros
pra encontrar o outro pé do chinelo.
Já os homens ficam com as tarefas mais chatas, como
perfurar o poço pra fincar o cabo do guarda-sol.
É mais fácil achar petróleo do que conseguir fazer
o guarda-sol ficar em pé.
Mas tudo isso não conta, diante da alegria, da
felicidade, da maravilha que é entrar no mar!
Aquela água tão cristalina, que dá pra ver os
cardumes de latinha de cerveja no fundo.
Aquela sensação de boiar na salmoura como um pepino
em conserva.
Depois de um belo banho de mar, com o rego cheio de
sal e a periquita cheia de areia, vem aquela vontade de
fritar na chapa.
A gente abre a esteira velha, com o cheiro de velório
de bode, bota o chapéu, os óculos escuros e puxa um ronco bacaninha.
Isso é paz, isso é amor, isso é o absurdo do
calor!!!!!
Mas, claro, tudo tem seu lado bom.
E à noite o sol vai embora.
Todo mundo volta pra casa tostado e vermelho como
mortadela, toma banho e deixa o sabonete cheio de areia pro próximo.
O Shampoo acaba e a gente acaba lavando a cabeça com qualquer coisa,
desde creme de barbear até desinfetante de privada.
As toalhas, com aquele cheirinho de mofo que só a
casa da praia oferece.
Aí, uma bela macarronada pra entupir o bucho e uma
dormidinha na rede pra adquirir um bom torcicolo e ralar as costas
queimadas.
O dia termina com uma boa rodada de tranca e uma briga em família.
Todo mundo vai dormir bêbado e emburrado, babando na fronha e torcendo,
pra que na manhã seguinte, faça aquele sol e todo mundo possa se
encontrar no mesmo inferno tropical...
Qualquer semelhança com a vida real, é uma mera
coincidência.


(Luis Fernando Veríssimo)

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